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2020: o ano mais atípico da História

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10/7/2021

Acho que todos estamos de acordo numa coisa: 2020 está a ser o ano mais atípico da história e deixou sequelas em praticamente todos os setores de atividade.

Resiliência, espírito de equipa e criatividade são apenas algumas das muitas características apontadas nos mais diversos estudos sobre as mais diversas estratégias para darmos a volta a esta crise tão inesperada. E é tudo verdade.

Digo-vos ainda que, a meu ver, estas serão sempre as características fundamentais em qualquer crise, venha ela de onde vier. Recorde-se o revés que a Carmo Wood teve, em 2017, ao ver a sua maior e mais moderna fábrica ficar resumida a pó pelos incêndios de Oliveira de Frades. Só com um espírito de equipa fora de série, muita resiliência e bastante criatividade conseguimos erguer a fábrica, melhor e mais moderna ainda, em apenas um ano.

Temos também de estar muito atentos a tudo o que está a mudar à nossa volta e tentar, de alguma forma, e dentro do que nos é possível, adaptar o nosso negócio às alterações do mercado e do mundo. Temos de arriscar, de não ter receio de fazer diferente e estar muito atentos às oportunidades que vão surgindo, pois todos sabemos que na sequência de qualquer crise, surgem sempre inúmeras oportunidades.

Vejamos o caso da Carmo Wood que iniciou o ano de 2020 a crescer a dois dígitos altos. Em março, com a chegada da pandemia à economia global, várias foram as áreas de negócio que começaram a sofrer anulações de encomendas. Nas construções, uma das áreas em crescimento, vimos diversas obras de restaurantes de praia, hotéis e mobiliário de ar livre serem anuladas. A distribuição também parou e anulou encomendas de madeiras tratadas e de Mobiliário de Jardim e Urbano. Já na agricultura, os produtores de vinho assistiam a uma dificuldade enorme em escoar as produções enquanto se retraiam em novos investimentos.

As nossas principais áreas de mercado estavam a ser afetadas. Uma vez mais arregaçámos as mangas e rapidamente começámos a analisar comportamentos de consumidores finais, tendências mundiais e a delinear novas estratégias que nos levaram a concentrarmo-nos naqueles mercados que, hipoteticamente, poderiam vir a ser compensadores para a nossa atividade.

Começava a prever-se que, o confinamento das famílias, o impedimento em viajar e até, para alguns, fruto de algumas poupanças extra, levariam a um crescimento dos mercados orientados para o lar, nomeadamente no que respeitava a remodelações de zonas exteriores, como varandas e jardins. E de facto foi assim até aos dias de hoje. Com efeito, todos os equipamentos em Madeira Carmo Wood de melhoramento paisagístico acabaram por ter uma procura acima do normal e em todas as geografias onde já estávamos implantados – Portugal, Espanha. França e Itália. A somar a esta consequência, vimos ainda, em todo o mundo, um crescimento exponencial do Bricolage e do DIY (Do it Yourself), fruto do tempo livre e em casa, o que provocou crescimentos consideráveis em madeiras de construção que fornecemos à distribuição B2B e B2C.

Já o impacto sentido na hotelaria acabou por dar origem a um aumento do investimento em casas de segunda habitação onde a construção em madeira ou mista tem grande procura. Também a procura de espaços para férias mais isolados e sem aglomerações indicava que tínhamos de investir ainda mais no mercado dos Campings e Glampings, algo que começamos de imediato a fazer e que acabou por dar frutos muito interessantes.

Com o progressivo retomar de algumas atividades, e apesar do impacto significativo na construção turística em zonas mais populosas ou zonas balneares, acabou por se verificar um crescimento do investimento no segmento turístico do interior, das serras e das áreas mais despovoadas com a aposta em passadiços, pontes, guardas, miradouros, o que, acredito, será uma aposta que veio para ficar e muito determinante para o país.

O regresso de algumas famílias às casas de campo e às terras para aí se resguardarem e poderem estar em conjunto ditou que, para além do consequente investimento em construção nos arranjos destes espaços, houve ainda um crescimento do segmento de Horservice. Boxes, Picadeiros, Pisos começaram também a ter maior procura.

Já a impossibilidade de programas culturais e o isolamento social fizeram com que as autoestradas de informação “entupissem” e o resultado foi um maior investimento em cabo suportado por postes para linhas aéreas que fornecemos.

Por último, mas não menos importante ou curioso, o consumo de fruta disparou e com ele o investimento em estruturas para este segmento na agricultura.

Enfim, nem tudo foram rosas, mas também não sentimos só os espinhos. Houve, no nosso mercado, oportunidades interessantes para explorar e acredito que existirão, de futuro, muitas outras. Temos, enquanto seres humanos e enquanto empresários, a responsabilidade de ir analisando as movimentações dos diferentes segmentos de mercado e antever problemas e oportunidades para conseguirmos de alguma forma continuar a gerar negócio e valor para o país.

O que nos reserva o futuro ainda não sabemos. Mas sabemos que temos muita vontade de trabalhar e de dar a volta a tudo isto.

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